Era uma vez um lugarzinho no meio do nada, sem sabor de chocolate, e com um cheiro não muito agradável de estrume de vaca em determinados pontos nem tão isolados assim. Bem vindos ao subdesenvolvimento emergente interiorano, posto que já temos política do pão-e-circo com direito a eventos monumentais para deleite de toda a massa populacional, coca-cola e lan houses - sendo que a saturação do último item no comércio local toma proporções absurdas chegando a pelo menos uma a cada esquina tornando a inclusão digital cada vez mais acessível, fazendo da internet um ambiente cada vez mais depreciativo (ou não, quem sabe).
Hipocrisia nunca foi muito a minha praia, logo, obviamente admito, cidades como a minha tem lá seus encantos. Belas paisagens, ruas históricas (tipo a VPA), com pontos de diversão altamente atrativos no meio do mato e afins, mas não estamos numa daquelas propagandas de cidades turísticas pelo Brasil que passam na Globo nos intervalos, ora bolas.
Estamos falando das cidades rotineiras que preenchem este país de cabo a rabo e que raramente passam no Jornal Nacional, coleguinhas. Onde pode não haver a mesma violência em níveis exorbitantes, mas há bocas de crack acessíveis ao atravessar a rua, homens são mortos à facadas em praça pública no meio de festividades locais e, o pior de tudo, jovens carentes de boas influencias musicais, gerando um surto de sertanejo universitário e músicas internacionais de renome sendo plagiadas e dizimadas por versões forrózisticas que acabam por tirar delas toda sua essência (uma vez que "Meu anjo azul" está para "Because of You", assim como "Paulinha" está para "Can't Live", ou seja).
Estamos tratando daquelas típicas sociedades retrógradas (com suas exceções, obviamente) mas não há como negar nem fingir que as pessoas discutem, opinam sobre, e se importam com a vida alheia, mais até do que com as suas próprias. Ideais extremamente ultrapassados, onde o que é diferente deve ser exterminado - que vão das roupas fora do comum e cabelos de cores não-convencionais, até as questões sexuais, amorosas. Estilo e personalidade muitas vezes combatidos porque ensinam as criancinhas que "é bonito ser igual aos outros", em todo o abrangente significado que a expressão pode ter.
Podemos não ter shoppings, cinema e nem mesmo McDonalds por aqui. Só que, assim como nas grandes cidades, ainda temos esgotos a céu aberto, precariedade na saúde pública, políticos corruptos, gente fútil - apenas em diferentes proporções (para maior ou menor). Podemos não ter grandes edifícios lotados de gente importante, caos no trânsito, nem transporte coletivo. Mas a gente já tem até favela, refrigerante com gás, tráfico de drogas com estágios alarmantes, internet e tv a cabo. Além, é claro, daquele cheiro bom de casa de vó, do gosto maravilhoso daquela boa, típica e velha comida caseira que só pedaços de fim de mundo esquecidos por Deus podem ter.
Ah, e só um detalhe: A gente ainda pode respirar em paz sem ter o pulmão manchado pela poluição ou perfurado por uma bala perdida - por enquanto. Olhando de perto, vivendo na pele, pode até ser meio bosta, mas nem fede tanto assim. (Y)
Beijonãomeliga ;*
@luiza__
Hipocrisia nunca foi muito a minha praia, logo, obviamente admito, cidades como a minha tem lá seus encantos. Belas paisagens, ruas históricas (tipo a VPA), com pontos de diversão altamente atrativos no meio do mato e afins, mas não estamos numa daquelas propagandas de cidades turísticas pelo Brasil que passam na Globo nos intervalos, ora bolas.
Estamos falando das cidades rotineiras que preenchem este país de cabo a rabo e que raramente passam no Jornal Nacional, coleguinhas. Onde pode não haver a mesma violência em níveis exorbitantes, mas há bocas de crack acessíveis ao atravessar a rua, homens são mortos à facadas em praça pública no meio de festividades locais e, o pior de tudo, jovens carentes de boas influencias musicais, gerando um surto de sertanejo universitário e músicas internacionais de renome sendo plagiadas e dizimadas por versões forrózisticas que acabam por tirar delas toda sua essência (uma vez que "Meu anjo azul" está para "Because of You", assim como "Paulinha" está para "Can't Live", ou seja).
Estamos tratando daquelas típicas sociedades retrógradas (com suas exceções, obviamente) mas não há como negar nem fingir que as pessoas discutem, opinam sobre, e se importam com a vida alheia, mais até do que com as suas próprias. Ideais extremamente ultrapassados, onde o que é diferente deve ser exterminado - que vão das roupas fora do comum e cabelos de cores não-convencionais, até as questões sexuais, amorosas. Estilo e personalidade muitas vezes combatidos porque ensinam as criancinhas que "é bonito ser igual aos outros", em todo o abrangente significado que a expressão pode ter.
Podemos não ter shoppings, cinema e nem mesmo McDonalds por aqui. Só que, assim como nas grandes cidades, ainda temos esgotos a céu aberto, precariedade na saúde pública, políticos corruptos, gente fútil - apenas em diferentes proporções (para maior ou menor). Podemos não ter grandes edifícios lotados de gente importante, caos no trânsito, nem transporte coletivo. Mas a gente já tem até favela, refrigerante com gás, tráfico de drogas com estágios alarmantes, internet e tv a cabo. Além, é claro, daquele cheiro bom de casa de vó, do gosto maravilhoso daquela boa, típica e velha comida caseira que só pedaços de fim de mundo esquecidos por Deus podem ter.
Ah, e só um detalhe: A gente ainda pode respirar em paz sem ter o pulmão manchado pela poluição ou perfurado por uma bala perdida - por enquanto. Olhando de perto, vivendo na pele, pode até ser meio bosta, mas nem fede tanto assim. (Y)
Beijonãomeliga ;*
@luiza__