sábado, 6 de fevereiro de 2010

Como escrever sobre 2010

Eu poderia escrever sobre a minha desastrosa virada de ano, sobre aquelas mais de 35 pessoas - desconhecidas em sua maioria - entocadas numa sauna coletiva que insistiam em chamar de "casa de praia", ou sobre o garotinho com quatro anos e fala fina que adquiriu não tão ponderada obsessão pelos seios de uma prima minha, ou sobre o fato de eu ter sido confundida com uma "mulher-da-vida", "do-ramo" ou qualquer outro equivalente pra puta enquanto com a rua lotada e eu segurando uma sacola com 30 pães, esperava plantada (e de biquini) na esquina de um supermercado meu namorado chegar, às quase sete da noite do dia 31, ou sobre a chuva - não, melhor - as goteiras que nos davam o frescor da água durante a madrugada, estando fielmente lá, toda noite, em cima de nossas redes e colchões, ou poderia escrever até mesmo sobre a fato de me roubarem as Havaianas velhas, deixando-me os pés nus no caminho da praia pra casa.. Mas eu não vou escrever sobre isso.

Bem, eu poderia escrever sobre a porcaria do resultado do vestibular (obviamente porcaria nenhuma pros meus queridos que passaram, mas.. como eu não passei, foda-se), sobre a frustração de não poder sentar o bumbum numa cadeirinha de universidade, ou sobre o quanto a frase "Vestibular é que nem carnaval, todo ano tem." é irritante para aqueles que não passaram ou ainda mais irritante se o mesmo (que não passou), tenha ouvido isso só sete vezes seguidas, mas não, não vou escrever sobre isso.

Até que eu poderia escrever sobre as piores três semanas de férias que eu ja tive em todos os meus (nem tão) consideráveis 17 aninhos de vida, sobre uma virose, seguida por ataque alérgico à poeira dos cds velhos do meu pai, seguida por uma semi-infecção intestinal, seguida por cólicas menstruais abominavelmente dolorosas dignas dos castigos torturantes da Igreja católica na Idade Média e sua Santa inquisição, poderia dissertar sobre a falta de afeto, sobre saudade, sobre as drogas que eu quase comecei a fazer uso (ok, exagero), sobre o quanto a banda DejaVu me traz um desejo tão puro pelo suicídio ou sobre como burlar os funcionários do cinema e entrar lá, na maior, sem ingresso pra ver um filme que eu já havia visto, só que eu não vou escrever sobre isso.

Mesmo que o ano já tenha começado há pouco mais de um mês, quero sugerir-lhe um novo olhar, um novo meio de encarar os fatos que já são tantos neste (ainda) breve ano de nova década, bem como as situações que corriqueiramente haverão de surgir ao longo dos trezentos e vinte e poucos dias que ainda te sobram neste (já memoravel - pelo menos pra mim) 2010. Posto que, segundo aquele filme, o mundo se acaba em 2012 e, caso isso não aconteça, sempre tem a tsunami de 2013 prevista pelo Nostradamus pra fuder com o babado, então... Só nos sobra torcer (yn) pra que nenhum dos dois aconteça e/ou aproveitar o pouco tempo que sobra.

Em primeiro lugar, tenha coragem. De fazer planos, de desistir deles, de dizer o que pensa (mas por favor, não pense tanta bosta como fez todos esses anos), tenha coragem de defender o que acredita, de ser egoísta (mas não o tempo todo), de crer no que você não consegue ver, seja no amor, na teoria da conspiração, ou no aquecimento global (esse agora resolveram dizer que não dá pra ver, mas vai dizer que não tá um calor do cacete?), pois é.

Em segundo lugar, não ligue. Pra quem não te quer por perto, pra quem te faz mal, pras pessoas que te dão toque à cobrar pra que você retorne a ligação, nem ligue se as pessoas não gostarem de você. Pois há quem goste, há quem te ame, há quem se orgulhe de você - mesmo que seja sua mamãe. Ou não.

E, em terceiro e último, confie. Mas não no governo, nem no carinha que te ofereceu um bagulhinho só, pra alegrar, nem naquela tão fogosa melhor amiga do seu namorado - o primeiro nunca te satisfará, o segundo te dará um boa noite cinderela na próxima, te sequestrará, te estuprará e depois esfaquea-la-á oito vezes no meio do seu bucho recentemente lipoaspirado, ou não, e a terceira? bem, ela é uma provavelmente é uma vaca, mas não aquela vaquinha legal da Colheita Feliz que te traz algum beneficio (ou moedas amarelas pra comprar sementes), ela é do tipo de cruza de vaca com cobra, esperando o melhor momento para o bote, então, cuidado com ela. Confie nos finais de novela, livros e filmes. Confie nas boas coisas. Confie nas suas promessas de começo de ano. Mas antes de qualquer coisa, confie no começar e no recomeçar da vida - e mais que tudo, confie em si proprio e tudo vai acabar dando certo.

beijonãomeliga :*

vírgula -s

3 comentários:

  1. Lembrando que o carinha vai te esfaquear e levar pelo menos um rim seu de brinde. Senão boa noite Cinderela não vai ter servido para nada.

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  2. E lembrem se sempre que tudo na vida passa, até a uva passa, nessa hora frases de parachoque de caminhão é o que há

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  3. Eu vou confiar em mim depois desse textos!

    :* Lu
    .
    Larii :D

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